Por meio de uma problematização das maneiras de usar a atenção, a tensão e a concentração, opera-se recortes, seleções, extrações, acumulações e disponibilizações de tempos e movimentos próprios de modos intensivos de viver, sem pressupor a representação como dispositivo privilegiado de julgamento.
Modo de produção de Registro Criativo: Construir um olhar simultaneamente mental, sensível e de si (escuta do devir de si) a partir de um investimento nos modos de tensionar o desejo, ou seja, no investimento das distâncias abstratas pela experiência abstrata da produção dos hiatos e dos entre-tempos entre as zonas sensoriais e motoras do corpo, e entre a memória, a mente e o cérebro. Essas distancias são tensionadoras do desejo, ou dos modos de sentir, agir e pensar, cuja direção de tensionamento opera entre uma diferença de potencial constitutiva de si e um acontecimento diferencial de um devir de si. Ou seja, a tensão se torna atenção de devires intensos, que captam tempos, movimentos e afetos como acontecimentos imediatos do vivo, sem a mediação da representação simbólica implicada nos usos reativos da sensibilidade e da linguagem humanas. Essa nova maneira de olhar e de escutar implica uma nova maneira de recortar ou enquadrar, selecionar e extrair (criar plano ou contínuo intensivo do movimento – duração do foco ou ritmo/ dilatação do tempo e do movimento) Resultado: produção de sínteses de tempo e movimento. E, nessa produção, acumulação de matérias de expressão constitutiva de um plano de registro, o qual condiciona a continuidade das intensidades e a repetição das qualidades disponibilizadas nas sínteses de movimento e de tempo. Em outras palavras, a criação das condições da experiência coincide com a criação das condições do eterno retorno do jogo afirmativo como produção de realidade ou de eternidade na existência: plano de consistência ou coesão da obra.