Acreditamos na necessidade de uma civilização contra a barbárie, de uma Ordem Civil Global sustentada por uma rede de instituições tutelares de Estados democráticos como garantia de direitos de segurança e liberdade. Mas sequer em ficção suspeitamos que esta ordem civil é produto de um impulso que quer se tornar dominante, da sua tirania que vem se apoderando cada vez mais da humanidade e escravizando por inteiro suas forças espontâneas mais raras em prol de um conservadorismo gregário. Que não é por falta de lei e ordem que padecemos das invasões das forças nocivas, mas muito ao contrário, por estarmos saturados de tendências normalizadoras e regulações ordinárias em verdade muito arbitrárias e niveladoras das forças vitais que nos atravessam. E esse rebaixamento generalizado da vida pela cultura das paixões tristes e seu empoderamento é a causa primeira dos terrores, das violências, dos tédios, dos males que nos visitam pela negação e mau uso das potências que nos excedem, imprevisíveis e ameaçadoras. Urge uma cultura do combate vital, uma máquina de guerra da vida intensa contra as máquinas de guerra e de morte dos Estados e seus agrupamentos reativos que em nome dos valores de segurança e liberdade destratam e humilham o vivo.