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O que podem corpo, desejo e pensamento?

Qual relação faria deles um manancial para uma grande saúde?

A força de existir é essencialmente força de criar. Mas quando existir é experimentado como ato de sobreviver, a conservação torna-se um valor de primeira ordem. Mas, e se em condições adversas esse mesmo ato for experimentado como ato de combate? Parte de si torna-se então necessariamente força de resistir, sobretudo quando as forças nocivas querem submeter o corpo, assujeitar o pensamento e capturar o desejo.

Resistir a essas provocações do destino é também resistir ao assassinato do presente, às proibições das nossas experiências interiores nas relações com o fora, é afirmar distâncias através do pensamento, ter amor ao distante e não ao próximo, fazer valer as distâncias como diferenças invioláveis e como condição de composição entre potências singulares, através dos movimentos intensivos irredutíveis do corpo e das durações irredutíveis do desejo e dos afetos. A força de pensar manifesta-se então como força de resistir.

E aprender a pensar é também aprender a resistir. Não se contém o avanço da tolice e nem se impede os poderes tristes sem tornar-se capaz de encontrar as nossas cumplicidades que alimentam as causas do rebaixamento de nossas vidas, no mau uso que fazemos do sofrimento. O que fatalmente acontece quando negligenciamos suas causas reais, que são forças reais, estado de desejo que nos impediria de transmutar seus efeitos nocivos em nós através da criação de distâncias necessárias, que transformam a decomposição de forças em composição de potências, as forças nocivas em forças aliadas, as linhas de morbidez em fontes de convalescença.

© Escola Nômade de Filosofia