No episódio de hoje vou contar uma breve história sobre a doença de Nietzsche, um dos maiores filósofos que a humanidade já teve.
A doença de Nietzsche já serviu para muitas coisas, inclusive para detratá-lo, para rebaixar sua obra, invalidar seu pensamento.
Mas o uso que ele mesmo faz do mal que o acomete é surpreendente.
Há uma coisa curiosa do ponto de vista do próprio Nietzsche, em como ele vive a doença e como ele se relaciona com isso que acometeu seu corpo e seu cérebro.
Nietzsche percebe nele mesmo um acontecimento muito curioso.
Uma inversão de valores quer se apoderar dele!
Vivemos no interior dessa tradição de valores, a da Cultura Ocidental, que sempre privilegiou a consciência como a grande solução da humanidade.
A ponto de ser dominante a visão em nós de que o ser humano não só se define como sendo um sujeito de conhecimento ou de ciência, mas também e principalmente como uma consciência a um só tempo moral e racional, tendo uma mente com ciência de si mesmo.
São raros aqueles que revertem o problema, vendo na consciência não a grande solução luminosa capaz de fazer de nós seres livres e sujeitos do próprio destino, mas ao contrário, aquilo que nos impede de ver.
A consciência como sombra e não como luz!
Nietzsche, na esteira de Spinoza, é um desses pensadores extraordinários que diagnosticam que a consciência só aparece dominando a nossa vida justamente no momento em que algo como parte de nós mesmos quer tornar-se função, submeter-se a um todo exterior!
Não é por acaso que Nietzsche nos provoca: nós, homens do conhecimento, desconhecemos a nós mesmos! Também pudera, diz ele, nunca nos procuramos realmente!
Forte Abraço,
Fuganti